domingo, 20 de junho de 2010

MÃOS QUE FAZEM HISTÓRIA

A série de reportagens "Mãos que fazem história", que começou a ser publicada no Caderno Eva do Diário do Nordeste no dia 14 de março, virou até exposição em Fortaleza.
Trata-se de um projeto etnográfico inédito no jornalismo, de mapeamento, recuperação e resgate do artesanato, que harmoniza o valor do trabalho em histórias de vida.
Na primeira semana, apresentou-se as mulheres e obras que foram retratadas na primeira série de reportagens: barro, rendas, linhas e fibras. Depois chegou-se à capital cearense, as produtoras que trabalham com tecidos, miscelânias, arte indígena e redes.
Vindas das regiões mais longínquas do Interior do Ceará, elas apresentam seus trabalhos em expopsição na Universidade de Fortaleza - UNIFOR para o público conhecer arte/artista.
Durante 65 dias, a equipe do Caderno Eva entrevistou 243 mulheres, com idades entre 8 e 94 anos, tendo percorrido mais de 11 mil quilômetros. A maior parte das mulheres virou personagem da série de reportagens. Ao todo, a equipe percorreu 71 cidades do Ceará.
Leia todas as matérias no site www.diariodonordeste.com.br

terça-feira, 1 de junho de 2010

O TURISMO RURAL COMUNITÁRIO NA AMÉRICA LATINA

O TURISMO RURAL COMUNITÁRIO NA AMÉRICA LATINA - GÊNESIS, CARACTERÍSTICAS E PRÁTICAS - de Carlos Maldonado é uma parte do trabalho realizado pelo Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social COPPE/UFRJ - Coordenação Geral de Projetos de Estruturação do Turismo em áreas priorizadas do Ministério do Turismo.
Apoio da Fundação Banco do Brasil e Fundação COPPETEC.
O Turismo Rural Comunitário é recente na América Latina. As primeiras incursões de comunidades isoladas são datadas em meados dos anos 80. A sua origem advém de diversos fatores de ordem econômica, social, cultural e políticas.
Pressões Mundiais do Mercado Turístico é o primeiro fator, cujas correntes mais dinâmicas são o turismo cultural e o turismo de natureza, por conta disso, nas últimas três décadas, as comunidades rurais e indígenas, vêm enfrentando crescentes pressões do mercado sobre seus patrimônios naturais e culturais. As ONGs ambientais, autoridades públicas, empresas privadas fazem parte desta pressão por várias considerações frente ao Turismo Comunitário.
O segundo fator advém das necessidades econômicas e trabalhistas da grande maioria das comunidades que buscam superar uma situação de pobreza crônica.
A incidência de pobreza na América Latina tem sido historicamente alta. Portanto, frente a vontade de superar esta pobreza é que milhares de comunidades buscam fontes alternativas de renda para sua sobrevivência.
Atividades não agrícolas: a pequena agroindústria doméstica, o turismo e os econegócios são potenciais e poucos explorados que somados a valorização do patrimônio ambiental e dos acervos culturais pode significar vantagens competitivas para os negócios comunitários.
O terceiro fator é o papel relevante que desempenham as pequenas e microempresas no desenvolvimento econômico local e a diversificação da oferta turística nacional.
Quando estas pequenas empresas crescem rapidamente, elas criam uma concorrência exacerbada e a deterioração dos recursos naturais e dos serviços aos clientes.
O quarto fator são as estratégias políticas do movimento indígena e rural da região para preservar seus territórios ancestrais - parte essencial do seu patrimônio e base material de sua cultura - na ótica de incorporação aos processos de globalização com sua própria identidade.
A globalização acelerada fez com que os interesses pelo controle dos recursos naturais que agregam tais territórios aguçados, alcançou níveis dramáticos em determinado casos.
Nos "Planos de Desenvolvimento" impulsionados por vários governos, colonizadores de "novas terras", grandes consórcios de extração de recursos florestais, mineradores e petroleiros, empresas de exploração agrícola e pecuária, têm invadido territórios dos povos nativos. É a violação do direito de propriedades assim como os direitos de consulta prévia, conforme Convenção 169 da OIT ratificada pela maioria dos Países.
Neste contexto, os receios de muitas comunidades no que diz respeito aos impactos maiores, provenientes do turismo, são bem fundamentadas.
As intervenções externas podem significar um aumento na sua dependência no mercado - um desenvolvimento de seus territórios, uma aceleração na perda de sua identidade cultural, um enfraquecimento de suas instituições e a coesão.
Os impactos nocivos provenientes do Turismo, faz com que as comunidades fiquem alertas, pois são sabedoras que há essa interferência. Sem esquecer que a atitude hostil por parte da comunidade também tem causado fortes tensões internas. A realidade é que a percepção, as atitudes e os interesses das comunidades em relação ao turismo estão longe de ser homogêneas e harmônicas.
O planejamento para o Turismo de Base Comunitária vai definir os princípios, valores, normas e instituições que vão reger a forma de organização e convivência do grupo humano que por sua vez diferencia-se de outros atores da sociedade.
O certo é assegurar o bem estar comum e garantir a sobrevivência de seus membros, preservando sua própria identidade cultural.
Na esfera institucional a comunidade rege-se por normas sociais, econômicas e políticas que regulam o processo de tomada de decisão, alocação de recursos, aplicação de justiça e repressão de delitos.
Já a Comunidade Indígena, designa-se como um sujeito histórico, cuja coesão interna sustenta-se na identidade étnico-cultural, a posse de um patrimônio comum e a aceitação de normas e valores. A base da identidade comunitária também pode ser enraizada na consciência de pertencer a um determinado grupo étnico, seja este dependente ou não de povos que habitaram e possuíram vastos territórios do continente, antes da época das colonizações tal como é o caso dos povos afro-descendentes.
CONTRIBUIÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS À DIVERSIDADE BIO-CULTURAL MUNDIAL - 1- Representam 5% da população mundial; 2- Detém 80% da diversidade cultural do Planeta; 3- Conservam 80% da diversidade biológica do mundo em seus territórios; 4- Cultivam 65% das espécies vegetais consumidos no mundo; 5- Cultivam 60% dos medicamentos à base de plantas e qu foram descobertos graças aos seus conhecimentos ancestrais (Xamãs).
É mundialmente reconhecido que os povos indígenas possuem um caráter específico na medida em que são portadores de valores, de significados e de identidade histórica.
A proteção e a valorização de seus patrimônios revestem um interêsse excepcional"`a humanidade por ser parte de um legado universal: a riqueza cultural e a biodiversidade de seus territórios representam uma preciosidade em nosso planeta. A diversidade cultural para a humanidade é tão essencial como a diversidade biológica é para os organismos vivos.
O patrimônio comunitário é formado por um conjunto de valores e crenças, conhecimentos e práticas, técnicas e hbilidades, instrumentos e artefatos, lugares e representações, terras e territórios, assim como todos os tipos de manifestações tangíveis e intangíveis existentes em um povo. Através disso, se expressam seu modo de vida, organização social, sua identidade cultural e suas relações com a natureza.
Com apoio nessas premissas, o turismo abre vastas perspectivas para a valorização do acervo do patrimônio comunitário.
Diversas avaliações têm mostrado que, graças ao turismo, as comunidades estão cada vez mais conscientes do potencial que seus bens patrimoniais, ou seja, o conjunto de recursos humanos, culturais e naturais, incluindo formas inovadoras de gestão de seus territórios.
A afirmação cultural exerce fascinação sobre a imaginação do turista internacional e nas motivações pessoais dos viajantes. A riqueza cultural se manifesta através de uma variedade de rituais, celebrações e festividades civis, religiosas e comerciais (feiras agrícolas, de pecuária, artesanais, gastronômicas... e medicinais), considerado com um produto do sincretismo pré-hispânico, colonial e republicano.
Turismo Comunitário entende-se como toda forma de organização empresarial, sustentada na propriedade e na autogestão sustentável de recursos patrimoniais, comunitários, de acordo com as práticas de cooperação e equidade no trabalho e na distribuição dos benefícios de serviços turísticos.
NOTA: Como não pretendo ir tão logo, da cidade de Fortaleza, iniciei uma pesquisa por TURISMO COM BASE COMUNITÁRIA, in loco e bibliográfico. Este trabalho (parte apenas) contém quase 500 páginas. Estou estudando e analisando o que acontece na minha terra Manaus/Amazonas. Precisamos fortalecer este turismo tão importante para as comunidades locais. Quem esteve no Salão do Turismo/2010, entendeu e muito sobre esse assunto.