Tenho mania de arquivar reportagens (jornais e revistas) que me interessam.Depois que criei este Blog acredito ser mais interessante passar aos leitores e acadêmicos. Esta matéria do jornal À Crítica, caderno CIDADES, em 21 de março de 2010, pela jornalista Ana Celia Ossane (da equipe de À Crítica) está muito bem redigida e vem de encontro com a necessidade de se conhecer um dos maiores vultos da história do Estado do Amazonas.
NA ÍNTEGRA:
Quem quiser conhecer um dos maiores vultos da história do Estado do Amazonas, o ex-governador Eduardo Gonçalves Ribeiro, não deve perder a oportunidade de visitar o Museu Casa de Eduardo Ribeiro, que foi inaugurado no dia 18/03/2010, na rua José Clemente, Centro, Zona Centro-Sul.
Organizado pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC), o museu reconstitui não somente uma das casas onde morou Ribeiro, com os móveis da época, mas traz documentos oficiais, livros, artigos de jornais e fotografias dele e sobre ele naquela época. De acordo com o secretário de Cultura, Robério Braga, o prédio é um belo exemplar dos vários palacetes edificados no centro tradicional de Manaus, no período áureo da economia da borracha, ocorrido entre os anos de 1880 e 1914.
Eduardo Ribeiro foi o responsável pela mudança da paisagem urbana da cidade de Manaus, Maranhense, negro, militar, de aproximadamente 1,60m de altura, chegou ao Amazonas para exercer funções no Exército. Era republicano, positivista, aluno de Benjamim Constant, conta Robério.
ADMINISTRAÇÕES
Governador do Estado em quatro ocasiões, Eduardo Ribeiro ergueu prédios, abriu ruas, calçadas, arborizando os espaços e trouxe todos os serviços públicos urbanos existentes na Europa à época, como lavagem da rua, esgoto, água encanada, telefone, iluminação pública, bondes elétricos e incineração de lixo.Com aproximadamente 45 mil habitantes, a cidade administrada por Ribeiro foi transformada. "Ele foi um dos pioneiros do Brasil da transformação urbana do chamado "Embelezamento das Capitais" que depois se deu no Rio de Janeiro, em 1906, com o prefeito Pereira Passos", observou o secretário.
Para mostrar esses feitos de uma das mais importantes figuras históricas do Estado, haverá documentos de Ribeiro e sobre ele. Edições dos jornais com artigos escritos por ele, cópia das atas de inauguração de prédios, pontes e o Teatro Amazonas. Não há notícia precisa da data da construção da casa, onde morou possivelmente de 1890 a 1900, quando morreu. Ali aconteceram reuniões de trabalho, encontros para discutir acordos políticos e projetos para embelezar Manaus, além de bailes.
A casa museu estará aberta para visitas todos os dias e tem condições de acessibilidade com rampa e elevador. Haverá teatro ao vivo com a dramatização da vida de Eduardo Ribeiro. No jardim, haverá música acústica e na sala de festas, com piano e voz, piano e violino, espetáculos de curta duração aos domingos, para os visitantes. Um site vai contar tudo sobre Eduardo Ribeiro e haverá um grupo de pesquisa permanente para continuar a pesquisa sobre a vida e a obra dele. Robério está finalizando um livro sobre a história do ex-governador, com 300 páginas.
POMPA E CIRCUNSTÂNCIA
Eduardo Ribeiro morreu, provavelmente por suicídio em sua chácara Chapada do Pensador, que deu nome ao bairro e onde é o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, na Avenida Constantino Nery, Zona Centro-Oeste. Mas quem conhecia o casarão semidestruído e abandonado por vários anos, verá que o Museu Casa de Eduardo Ribeiro abre as portas com toda a pompa e circunstâncias para fazer o que se espera das administrações públicas: reconhecer e valorizar a trajetória de quem deixou obras que nos permitem compreender e admirar momentos importantes da história de uma sociedade.
ACADEMIA DE MEDICINA
O Museu casa também será a sede da Academia Amazonense de Medicina,. porque depois de 1961 foi sede de serviços de saúde e do Conselho Regional de Medicina (CRM_AM). Pertencia ao Governo Federal e foi doada ao Governo do Estado por intervenção do ex-senador Jefferson Peres, já falecido.
Nela, haverá um sítio eletrônico com a Memória da Medicina e uma sala de reunião para estudantes e professores com filmes sobre Medicina, saúde, farmácias, médicos, hospitais, clínicas de Manaus e do Estado, que deverá ser aumentado com outras pesquisas. Segundo Robério, há um projeto museológico e pedagógico em curso para o Museu, onde o sistema de informação é bilíngue em português e inglês com telas de computadores tec screen. O próprio usuário vai poder se informar livremente. Terá também a sala de projeção em 3D para assistir filmes.
VISITAS
As visitas ao palacete deverão, em média, uma hora e meia de duração e acontecem das 9h às 17h, de segunda à sexta-feira; e das 16h às 21h nos domingos. As visitas guiadas serão às quintas para estudantes e nos domingos para a população em geral. O espaço oferecerá ainda Teatro História com datas, agendas, informações na linguagem virtual da vida e obra de Eduardo Ribeiro, da família Brett Vau de Castro e do Museu de Medicina. O mobiliário foi adquirido em antiquários do Rio de Janeiro e São Paulo conforme referências do inventário do próprio Eduardo Ribeiro. Tudo aquilo que constava como bens, a SEC procurou comprar do mesmo padrão.