A palavra lixo, deriva do termo latim lix, significa "cinza". No dicionário, ela é definida como sujeira, imundície, coisa ou coisas inúteis, velhas e sem valor. LIXO na linguagem técnica é sinônimo de resíduos sólidos e ainda é representado por materiais descartados pelas atividades humanas. Para os recicladores e alguns estudiosos "LIXO" é matéria-prima fora de lugar.
Desde os tempos mais remotos até meados do século XVIII, quando surgiram as primeiras indústrias na Europa, o lixo era produzido em pequena quantidade e constituído essencialmente de sobras de alimentos.
Foi a partir da Revolução Industrial que as fábricas começaram a produzir objetos de consumo em larga escala e a introduzir novas embalagens no mercado. O homem passou a aderir os descartáveis e desde então, o Planeta nunca mais foi o mesmo.
As indústrias evoluíram consideravelmente e hoje podemos comprovar a fabricação de produtos sequer imagináveis naquela época. As descobertas intensivas e sucessivas de novas tecnologias agradam a todos, encantam crianças e auxiliam os mais idosos, contudo, rapidamente tornam-se ultrapassadas e com menos tempo de duração.
Uma geladeira que antigamente durava entre cinco a oito anos já não é mais a mesma. A sofisticação, modernização e o incremento de novas técnicas exigem manuseio diferenciado, ou seja, mais cuidado na manutenção é imprescindível para sua longevidade.
Os computadores, aparelhos de celular, fax, telefone, máquinas de lavar roupa e louça entre tantos outros eletrodomésticos e eletrônicos a cada dia conseguem conquistar novos clientes (consumidores) pelo design, cor da moda e outras inovações. Quando ficam "fora de moda" se transformam em lixo e são descartados sem a devida orientação, prejudicando de certa forma a Coleta Seletiva existente nas cidades. No caso de não haver este serviço, aumentam consideravelmente o volume de resíduos nos lixões a céu aberto causando danos irreversíveis à população e ao planeta.
Neste campo podemos ainda ressaltar que o lixo industrial, resultante da operação das fábricas, varia conforme o ramo de atividade como produção de sabão em pó, ferramentas, peças de aviões, fábricas de roupas e calçados, de alimentos e produtos em geral.
No mesmo caminho estão os móveis com novas tendêncida de mercado que também oferecem modernização e acompanham os diversos estilos de decoração. A arquitetura e design sustentável ainda estão engatinhando, porém, grandes projetos estão saindo do rascunho e a comunicação para novos produtos já alcança os que se interessam pelo assunto.
As indústrias automobilísticas crescem a todo vapor. Jornais, revistas e a mídia televisiva informam o público semanalmente sobre as novas tendências e melhorias que vão desde a segurança, conforto e peças mais econômicas ao bolso do consumidor. Uma pena que existem em todas as cidades brasileiras o tal chamado "curral" de veículos que geralmente são apreendidos pelos órgãos que gerenciam o trânsito nestas cidades.
A maioria dos carros apreendidos vira sucatas e ficam a céu aberto poluindo o meio ambiente. Ainda temos outra problemática que diz respeito aos meios de transporte com duas e quatro rodas: pneus descartados em lixões, em aterros clandestinos e até nas vias públicas que passam a ser criadouro para o mosquito da dengue. Podemos citar ainda a poluição visual nas ruas e avenidas onde pneu descartado sem o menor cuidade demonstra aos turistas e demais visitantes que as prefeituras não estimulam, através de projetos, a sensibilização/conscientização da população em relação aos descartes dos resíduos sólidos.
Temos ainda os gases que escapam dos carros que poluem o ambiente e podem prejudicar a saúde dos seres humanos. Eles são responsáveis pela produção de monóxido de carbono e de chumbo, que ficam no ar e contribuem para agravar o problema da chuva ácida. O chumbo é altamente tóxico e prejudica seriamente a saúde das crianças e dos fetos. A inovação tecnológica tem avançado neste sentido e pesquisadores buscam desenvolver mecanismos eficientes a fim de eliminar esta situação existente ainda em muitas cidades. Daí a persistência dos ambientalistas e estudiosos para diminuir o uso dos carros (usar bicicleta, pegar carona e andar a pé) como forma de melhorar a qualidade de vida do planeta e das pessoas.
Segundo a edição especial da revista CIENTIFIC AMERICAN/nº 19 - MUDAR O MUNDO ATÉ 2030 - as soluções para os meios de transporte seriam: veículos mais econômicos, híbridos e elétricos, biocombustíveis, migração do transporte rodoviário para o ferroviário, promoção do trasnporte público e de meios não motorizados de locomoção, como também andar a pé ou de bicicleta.
Apesar da tecnologia/inovação ter alcançado modos de viver com praticidade, conforto e até proporcionar melhor status para algumas famílias, com certeza, não é o caso das indústrias de sacolas e garrafas plásticas, pratos e copos descartáveis. No início foi uma festa. A idéia de praticidade para as donas-de-casa, empresários de super mercados e do comércio em geral fizeram com que estas sacolas se proliferassem a ponto de mudar a cultura do papel e dos retornáveis.
O plástico ainda é utilizado em todos os setores da economia (construção civil, lazer, telecomunicações, indústrias eletroeletrônica, automobilística, médico-hospitalar, e no transporte de energia) e aproximadamente 30% das resinas plásticas consumidas no Brasil destinam-se à indústria de embalagens. Ainda estamos dependendo da versatilidade deste resíduo talvez pela sua leveza, facilidade de moldagem e alta resistência.
Hoje, o volume de lixo produzido no mundo aumentou três vezes mais do que a população nos últimos 30 anos. Nas pesquisas bibliográficas, interação nos sites ambientais e noticiários televisivos podemos observar que a proliferação das embalagens descartáveis e a cultura do consumo e desperdício são responsáveis por bilhões de toneladas de resíduos sólidos descartados, anualmente.
Segundo Fernanda Colavitti, em seu dossiê sobre LIXO, registrou que cada brasileiro produz cerca de 130 toneladas de restos de comida, embalagens e outros resíduos descartados diariamente no país. E o que é pior, mais de 70% acaba em lixões, contamina o solo, a água e espalham doenças. Ainda que a falta de destino adequado para os resíduos seja um problema grave no Brasil, diminuí-los é a meta número um, em qualquer lugar.
A Construção civil que também se utiliza do profisional em Arquitetura assim como do Engenheiro, principalmente no Sul do Brasil, vários profissionais estão conseguindo reutilizar os elementos de demolição que além de tornar o projeto mais econômico, com um belo aspecto e ecologicamente correto, participam ativamente da preservação do meio ambiente.
Por outro lado, a maioria das construtoras ainda descarta materiais nas calçadas (via pública), quando não, jogam estes resíduos em terrenos baldios ou áreas de preservação. De vez em quando lemos notícias em jornais sobre este assunto. Precisamos trabalhar muito quanto à sensibilização de profissionais nesta área.
O lixo Hospitalar (também constituído de lixo comum) é outra preocupação, principalmente em cidades que não possuem aterro sanitário. Os lixões ficam a mercê de catadores que vasculham os resíduos em busca de comida, roupas e eletrodomésticos causando dessa forma um grande problema social. Nestes resíduos encontram-se materiais cortantes e os que podem perfurar as mãos de crianças e adultos, como: seringas, agulhas, instrumentos cirúrgicos, entre outros. Sem contar na transmissão de doenças, proliferação de animais (urubus, roedores e até animais domésticos) que acarretam riscos ainda maiores à saúde pública. Resíduo hospitalar é por demais infectados ou contaminados e merece melhor monitoramento dos Gestores Municipais com o apoio dos Especialistas na área.
A título de informação, Maria Cristina/Claudia Saldanha e Ellen Lima, no livro: Curiosidades e Conceitos, afirmam que na cidade de Manaus, existem dois importantes incineradores para tratamento de resíduos. Um deles, destinado aos resíduos de serviços de saúde (lixo hospitalar), encontra-se desativado desde sua implantação. O outro, instalado no aeroporto internacional ( para a queima do lixo de aeronaves e, eventualmente, outros tipos de lixo). Constataram ainda, ser o processo de incineração uma prática que envolve investimentos elevados e manutenção rigorosa. Tem a vantagem de reduzir o volume do lixo; destrói a maioria do material orgânico e material perigoso que causaria problemas nos aterros sanitários; não necessita de grandes áreas; pode gerar energia através do calor que é 100% recuperado. Tem a desvantagem de liberar gases poluentes na atmosfera e substâncias carcinogênicas como dioxinas e furanos. Em suas cinzas encontram-se substâncias tóxicas que precisam ser enterradas, porém, podem contaminar o solo.
O lixo animal, outra preocupação atual considerando os seus efeitos na atmosfera, no solo e na água. A pecuária intensiva exige cada vez mais animais e mais esterco vão sendo produzidos sem serem reciclados naturalmente. As fazendas são responsáveis por este tipo de resíduo que espalhados sobre os campos formam camadas espessas e de certa forma com as chuvas são levados para os lençóis freáticos, rios e riachos causando a poluição da água. Este lixo orgânico ameaça com certeza os ciclos vitais aquáticos. Caindo na água, ele é decomposto por microorganismos que por sua vez consomem muito oxigênio quando eliminam os poluentes causando consequentemente menor distribuição de oxigênio a outros seres vivos, como plantas e peixes.
A pecuária é também considerada como um dos vilões do efeito estufa (aumento das temperaturas médias no planeta, causado pela emissão de gases poluentes na atmosfera). O metano (CH4), gerado na pecuária (também na agricultura e em aterros sanitários) é transmitido pelo gado bovino que conforme cientistas e estudiosos do assunto chegaram à conclusão que o gado emite metano naturalmente pela respiração.
O lixo agrícola hoje se apresenta com um diferencial que é a tecnologia responsável pela sua reciclagem. Infelizmente precisamos de mais pesquisas e mais cursos de capacitação frente ao manejo dos subprodutos que ainda são descartados sem o menor cuidado. A utilização do bagaço da cana, casca do coco, bagaço da laranja, casca de bambu, palha do buriti, são exemplos de reutilização e reciclagem na confecção de móveis, casas, peças de decoração para carro, entre outros. São técnicas aretesanais e industriais como alternativas para geração de emprego e renda das Comunidades Ribeirinhas e população do campo.
Não podemos esquecer também que as mudanças de métodos agrícolas nos últimos 40 anos resultaram em um acúmulo prejudicial ao meio ambiente que poderia ser mais saudável e com melhor qualidade de vida. Hoje, percebemos que as culturas são mais especializadas e intensivas implicando de certa forma na criação de animais em pequenas áreas. O lixo agrícola, assim como o da pecuária, polui os lençóis freáticos, rios, igarapés e o próprio ambiente. É constituído em alguns casos das atividades da própria pecuária, das embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração e restos de colheita.
Mais sério se tornam estas atividades pelo uso indiscriminado e mal gerenciado dos fertilizantes químicos. A verdade é que todas as plantas precisam de minerais, como o potássio, o nitrogênio e o fósforo para crescerem. Daí o valor que estamos dando à agricultura orgânica e seus derivados. Segundo estudiosos, fertilizantes em excesso produzem muito nitrato e uma porção dele, que não é absorvida pelas plantas, acaba sendo levada pela chuva para os lençóis freáticos e rios. A água fica poluída prejudicando a flora e a fauna aquática, em contrapartida a saúde do ser humano.
Lixo radioativo cuja radiação é emitida por muitos elementos como urânio, rádio, potássio, tório, carbono e iodo. Estes são alguns dos elementos chamados de radioativos que prejudicam a saúde dos seres humanos e outros animais, justamente porque danifica as células vivas. Tudo vai depender do nível de radiação.
Materiais radioativos são utilizados na agricultura, indústria, medicina, em pesquisas científicas e engenhariaq, bem como na produção de energia e bombas nucleares. Embora toda radioatividade se desintegre com o tempo, alguns materiais levam muitos milhões de anos para se desfazerem. Portanto, é importante, que o lixo seja estocado seguramente, para não prejudicar a vida da geração atual e também das futuras.
Detritos de esgotos são responsáveis pela poluição dos rios, mares, nascentes e praias. Tudo o que escoa de ralos e pias, tanques e banheiros, constituem uma das maiores fontes de lixo. Em algumas cidades existem estação de tratamento e a conscientização de fazer voltar aos rios à parte líquida já limpa e a parte sólida que se transformou em lama, utiliza-se apenas os gases liberados que geral eletricidade para alimentar a própria estação de tratamento. Em outros casos esta lama é jogada em terra ou nos mares.
Lixo urbano é originado nas residências (denominado também de doméstico ou domiciliar) resultlante de atividades cotidianas nos diversos lares. Inlue-se ainda, os resíduos de bares, restaurantes, lanchonetes, repartições públicas, lojas, supermercados, feiras e mercados, escolas, universidades, podas de árvores, limpeza de jardins e praças. Composto principalmente de papéis, papelão, caixas e outras embalagens, vidros, trapos, garrafas pet, latinhas de alumínio, restos de comida (em sua maioria), objetos descartados, etc. Este lixo que na maioria das vezes não é separado (classificado) e tão pouco bem acondicionado aumenta o trabalho dos funcionários da Limpeza Pública no momento da coleta. A trajetória desse lixo deve ser monitorada até seu destino final: Aterro Sanitário, Aterro Contolado ou em Lixões que na maioria das vezes são clandestinos. Isto acontece em muitas cidades brasileiras.
Podemos observar ainda a diversidade de resíduos sólidos que são manejados de diferentes formas pela sociedade, governos, instituições privadas, universidades, etc. Sem contar que os resíduos orgânicos também precisam de muita atenção, gerenciamento, monitoramento e estragégias para gerar renda principalmente nas comunidades.
Consulta:
Revista Cientific American nº 19 - Mudar o Mundo até 2030.
Santos,Maria Cristina dos.Lixo:Curiosidades e Conceitos - UFAM/2002.
Grippi,Sidney. Lixo,reciclagem e sua história:guia para as prefeituras brasileiras.RJ.2001
Matérias da Especialização em Perícia,Auditoria e Gestão Ambiental.