Jornal A CRÍTICAJORNALISTA - Elaíze FariasDa Equipe de À CríticaEm: 21 de março de 2010Seis anos após ser estudada por um grupo de pesquisadores que propôs a criação de um Plano de Manejo e de Projetos Específicos de Infraestrutura e de Sinalização da Caverna do Maroaga, no município de Presidente Figueiredo, o local permanece explorado turisticamente de maneira improvisada. O interior da caverna, considerada uma das principais referências turísticas do Amazonas e único habitat natural do galo-da-serra, espécie ameaçada de extinção, está interditado desde janeiro de 2006, quase dois anos depois de terem sido identificados fungos danosos à saúde humana no local.
A entrada de acesso à gruta tem apenas uma placa informando a interdição e dizendo que o "término" da medida ocorrerá quando houver "finalização dos estudos necessários". Embora a prefeitura do município tenha contratado uma pessoa para fiscalizar permanentemente o acesso ao ponto turístico interditado, a distância da casa do fiscal até o local dificulta a função. Na entrada não existe guarita, nem cerca proibitiva. O único obstáculo, para quem tem receio de fungos ou medo de se perder, é a placa de aviso. Um turista desavisado ou um aventureiro com má-fé entra tranquilamente na área.
Contratada pela Amazonastur, órgão de turismo do governo do Estado, a empresa Ecossistema Consultoria Ambiental, sediada no Paraná, apontava como "forças restritivas", depredações e pichações, erosão, dificuldade da trilha, ausência de sinalização, excesso de trilhas, falta de um centro de visitante, entre outros. Sem essas estruturas, as principais ameaças seriam lixo, acidentes, desmatamento, degradação ambiental, biopirataria, fogueira dentro e fora da caverna, etc.
Na avaliação da presidente da Associação de Guias de Presidente Figueiredo, a estudante de biologia Juliane Guerreiro, 29, algumas das principais lacunas para o acesso à Caverna do Maroaga são ausência de sinalizações turísticas da área, trilhas suspensas para aclives e declives e Centro de Atendimento ao Turista. Juliane acompanhou a reportagem na última quinta-feira pelas trilhas até a boca da Caverna de Maroaga, onde só se pode permanecer de máscara. Ela apontou o avanço que se alcançou nos últimos anos no processo de administração da caverna. "Antes as pessoas entravam e pichavam", disse.
O secretário de turismo de Presidente Figueiredo, Antônio Pacheco, explicou que o projeto de manejo não foi viabilizado por falta de recursos. Para ele, a Amazonastur seria a responsável por implementar o projeto. "Se tivesse com o município já teríamos tomado conta. A Prefeitura, a partir deste ano, quer realizar uma infra-estrutura mínima para o local", disse Pacheco. A assessoria de imprensa da Amazonastur foi procurada para falar sobre o assunto, mas não foi encontrada.
CARACTERÍSTICAS DA CAVERNA:
Uma média de 50 a 150 pessoas visitam semanalmente a Caverna do Maroaga.
Os guias costumam acompanhar um grupo de até 12 pessoas e cobrar R$ 50 por visita.
Oa fungos patogênicos econtrados nas paredes da Caverna do Maroaga são oriundos das fezes dos morcegos que habitam o local. Entre os fungos estão o histiplásma e o acremonium.
A portaria da interdição foi assinada em dezembro de 2005 e entrou em vigor em janeiro de 2006.
Uma outra portaria foi assinada no ano passado, autorizando a entrada de visitantes, desde que acompanhados por guias.
ÁREA GANHARÁ PLANO DE GESTÃO: Toda a Área de Proteção Ambiental (APA) da Caverna do Maroaga está incluída na proposta.
Incorporada em 2007 ao Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc), a Área de Proteção Ambiental (APA) da Caverna do Maroaga, onde vivem cerca de 42 comunidades, deve ganhar um Plano de Gestão a partir de 2011.
A Caverna do Maroaga, localizada no KM-08 na estrada de Balbina, integra o complexo da APA, que vai do KM-98 até o KM-200.
Na semana passada, um grupo de técnicos do Ceuc esteve em Presidente Figueiredo iniciando uma discussão sobre a proposta do Plano. Este será elaborado por uma empresa composta por especialistas nas áreas de ciências naturais e humanas. Os estudos devem ser conclídos no final deste ano, segundo informou a assessora técnica do Ceuc, Cláudia Steiner. O Plano não se limitará à Caverna do Maroaga, mas a todo o complexo da APA. Os recursos para a elaboraçao do Plano e sua execução virão de um termo de cooperação entre o Estado do Amazonas e a Fundação Betty Moore, dos Estados Unidos. Cláudia Steiner não soube dizer o valor do Plano.
Conforme Steiner, o Plano de Gestão não inclui estudos científicos sobre fungos da Caverna. Segundo a assessora ambiental, a interdição foi uma medida de precaução tomada na gestão da prefeitura, em 2006, que permanecerá por tempo indeterminado.
A reportagem apurou junto ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), à Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que não existem pesquisas sendo realizadas especificamente sobre os fungos encontrados na Caverna do Maruaga.
SAIBA MAIS:
O Ceuc pretende lançar no final de abril licitação para construção de um Centro de Visitante na Caverna do Maroaga. O projeto prevê a construção de uma estrutura que permitirá a permanênia de guias no local, além da confecção de material informativo e melhorias de trilhas. Os recursos, da ordem de R$ 130mil, virão do Programa de Compensação Ambiental do Gasoduto Coari-Manaus.
Um comentário:
Q legal seu artigo! Gosto mt de ir a Figueiredo e já me aventurei diversas vezes na caverna maroaga com amigos turistas.
Acho legal fazer a trilha q ainda é fechada, sem entrada, pq parece q se está desbravando a selva, é o sonho d todo estrangeiro qd vem à Amazônia. Mas, nunca chegamos a encontrar algum bicho (cobra, onça) é seguro sim. Só não por esses fungos... mas ñ curto mt adentrar a caverna, a visão mais bela é ficar apenas na entrada por trás da queda d'água...
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